O ano de 2021 será marcado por vazamento gigantes de dados no mundo e no Brasil, afirma o CEO da Axur, Fabio Ramos. Em entrevista ao Convergência Digital, o executivo diz que aqui a Lei Geral de Proteção de DAdos Pessoais não será suficiente para barrar a exposição das informações depois de décadas de negligência com os dados e muitas empresas vão viver um pesadelo para se adequar à legislação.
"Proteger informação não está na nossa cultura e há muito trabalho pela frente. A Covid-19 piorou ainda mais o cenário porque há muitas frentes de exposição", sustentou o especialista. Nesta quinta-feira, 21/01, a Axur divulgou o Relatório Anual 2020 de Atividade Criminosa Online no Brasil, onde se percebe que os ataques virtuais aumentaram 99,23%, comparados ao ano anterior, e um dos grandes fatores desse crescimento foi a pandemia causada pelo coronavírus.
Um triste recorde para o Brasil foi constatado. O País, segundo o estudo, O Brasil, é o campeão em vazamentos de cartões de crédito e débito, contabilizando sozinho 45,4% do total mundial. O levamento da Axur mostra que, no ano passado, foram 2.842.779 cartões expostos detectados. Somente no quarto trimestre, foram identificados pela Axur 325.250 cartões de crédito e débito com dados completos, expostos da web superficial à deep e dark web e distribuídos entre 17.902 BINs distintas.
No caso dos vazamentos de dados, Ramos observa que é preciso saber como a Autoridade de Dados vai atuar com os órgãos públicos- que têm grande quantidade de dados pessoais do cidadão brasileiro armazenados. "O vazamento do ministério da Saúde no final do ano passado, até agora, não foi explicado. A punição tem de ser igual para o público e para o privado a partir de agosto de 2021, quando a LGPD vai pesar no bolso", observou.
Para minimizar os roubos de dados, a Axur, junto com varejistas como a B2W, dona das Americanas, criou na Black Friday de 2020, o site possoconfiar.com.br. A partir dele, o cidadão pode rapidamente verificar se a página que está vendo para fazer a compra online é verdadeira ou é um phising. "Muitos dos phisings no varejo são muito bem feitos. Nossos algoritmos detectam e avisam. O site foi criado para a black friday, mas segue ativo. Ele funciona de forma semelhante ao Reclame Aqui na parte de reputação das empresas", completa o CEO da companhia.
Ao complementar as informações solicitadas pela entidade de Defesa do Consumidor, a Serasa apresentou um paraecer técnico de empresa especializada de que os sistemas da empresa são seguros. Mas o Procon/SP diz que as respostas foram incompletas e pouco esclarecedoras.
Instituto vai recorrer da decisão que desobrigou a Serasa a comunicar vazamentos."Não queremos demonizar ninguém, mas vazamentos geram desconfiança", diz o presidente, Victor Gonçalves.
Ao participar de evento da associação nacional de encarregados de dados, ANPPD, a advogada Patricia Peck advertiu que a ANPD não tem a exclusividade para aplicar sanções. “o Código do Consumidor traz como crime não informar sobre dados tratados ou correções”.
Entidade sugere que os incidentes de segurança só devam ser notificados se envolver, por exemplo, informações que correspondam a mmais de 50% da base de dados.