Lançado no início do ano, o programa Internet para Todos nasceu para levar acesso à banda larga para locais remotos sem conectividade. Não era sem tempo, pois desde 2005 já se falava de levar a banda larga para todos os municípios e escolas públicas. No mundo atual ficar sem conexão é uma sentença de morte para empresas de todos os portes. Se as comunicações fossem interrompidas, em 24 horas diversos negócios poderiam ir à falência.
No entanto, a cenário não é hot plugged como parece. O governo decide prover banda larga em locais de difícil conexão e a população excluída ganha acesso automaticamente. Não é bem assim, pois logo após o lançamento o programa ficou suspenso devido uma disputa judicial e o satélite lançado em 2017 ficou sem utilização, com custo de quase 3 bilhões para todo o projeto.
Mas chegou uma luz ao fim do túnel, com a derrubada da liminar por decisão da ministra Carmen Lucia no último dia 16 de julho que suspendia o contrato que a americana Viasat estabeleceu com a Telebras para explorar o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). O equipamento é essencial para os programas públicos de acesso à internet.
O papel da Viasat é oferecer suporte e montar a infraestrutura para os programas de acesso. Em contrapartida, a empresa pode explorar a capacidade não utilizada do satélite para oferecer serviços próprios de banda larga. O problema é que concorrentes e entidades do setor consideram a contratação ilegal, sendo que a Telebras afirma que nenhuma empresa manifestou interesse pela parceria no processo de chamamento público que realizou em 2017. Ora, será que nenhuma empresa nacional poderia oferecer o mesmo serviço?
Enquanto mantivermos a postura da falta de transparência, licitações duvidosas, legislação frágil e jeitinhos, os programas públicos que nascem com boas intenções não podem ser bem sucedidos. E enquanto isso, quem faz a verdadeira inclusão digital são os pequenos provedores, que investem no interior do país que ainda tem muito para desenvolver.
*Rudinei Santos Carapinheiro, diretor de novos negócios da Skylane Optics, fornecedora líder de transceptores ópticos
Sonda do Brasil terá de pagar PLR para 1791 trabalhadores, referente ao ano de 2014, depois de disputa judicial com o Sindp/SP. Outras oito ações seguem tramitando na Justiça.