A decisão brasileira de destinar toda a faixa de 6 GHz – 5,925 GHz a 7,125 GHz – para uso não licenciado, bem como as condições de potência, pode se tornar modelo para os demais países das Américas. A sugestão vai ser encaminhada pela Anatel à Comissão Interamericana de Telecomunicações (CIT).
“Imaginemos que o Brasil decidisse utilizar 500 MHz. Isso poderia ser um problema, porque os produtos americanos não poderiam vir para o nosso mercado. É importante que a regulamentação brasileira seja utilizada em outros os países para ter essa harmonização. Por isso, vamos propor uma recomendação de harmonização da faixa com base no que foi aprovado no Brasil para WiFi 6E”, disse o gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão da Anatel, Agostinho Linhares.
Ao discutir a recente decisão da Anatel sobre no WiFi 6E, em evento promovido pela WiFi NOW, com participação do portal Convergência Digital, o gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão da Anatel destacou a importância da medida, seja por seu impacto imediato, seja pela preparação para esta e a próxima geração do Wi-Fi.
“Essa foi uma das decisões mais importantes dos últimos anos e será muito importante por muito tempo ainda, porque vai nos permitir ter uma ótima tecnologia no Brasil, que já está aberto à certificação desses novos equipamentos. Conseguimos ter não só o Wi-Fi 6E no Brasil como nossas regulamentações estão atualizadas para o Wi-Fi 7, que virá talvez nos próximos cinco anos. Nossa regulamentação já tem capacidade de receber também essa futura tecnologia que ainda não chegou.”
Para Linhares, os ganhos de conectividade terão reflexo no desempenho econômico e eles começam já. “A decisão maximiza o uso agora, sem esperar dois anos, de toda essa nova tecnologia. Com o Wi-Fi 6E, ajudamos o desempenho da economia e ajudamos a melhorar a conectividade dos usuários. No Brasil, por exemplo, um usuário pode ter uma banda larga de 200 Mbps, mas com o Wi-Fi atual isso significa taxas reais de 20 Mbps. Com o WiFi 6E ele pode aproveitar toda a capacidade que está sendo contratada do provedor de banda larga.”
As faixas de 2,4 GHz e de 5 GHz estão congestionadas no Brasil e torna-se urgente ter mais frequência por mais capacidade e eficiência, afirma o chefe de Tecnologia da CommScope para Caribe e América Latina, Hugo Ramos.
Para o VP da Oi, Carlos Eduardo Monteiro, o Brasil tem desafios a vencer para a expansão do Wi-Fi 6, como ofertar mais segurança jurídica e regulatória para os investimentos. O câmbio – já que todos os aportes e equipamentos são atrelados ao dólar – desponta como um gargalo a ser enfrentado.
Definindo-se como uma empresa de software que precisa de hardware e frequência para atuar, a Mambo Wi-Fi diz que os hotspots públicos vão crescer até nove vezes até 2022 com a liberação da faixa de 6 GHz para serviços não licenciados.